2014, a vítima estava em uma embarcação numa área de difícil acesso em Bombinhas quando o helicóptero do Arcanjo foi acionado. Com dificuldades de pousar e muito vento na região, um dos bombeiros da aeronave conseguiu descer de rapel até o barco para avaliar o homem que passava mal, com um rádio na mão, recebendo instruções da equipe médica. Quando a vítima entrou em parada cardiorrespiratória, o médico pulou na água e nadou em direção aos dois, enquanto o resto da equipe levou os materiais necessários numa lancha. Situações de resgastes como essa já não são mais incomuns para tripulantes do Serviço de Resgate Aeromédico Especializado, os Arcanjos, que provém de uma parceria entre SAMU e Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina – a qual completa nove anos no dia 20 de janeiro. As aeronaves Arcanjos, que hoje correspondem a duas asas fixas (aviões) e duas rotativas (helicópteros), passaram a ser referência não apenas estadual, como também nacional. O atendimento pré-hospitalar de urgência oferecido pelas bases aéreas localizadas no Estado atende uma média de mil ocorrências por ano.
Nas aeronaves? Um piloto, um copiloto, um tripulante, um enfermeiro e um médico. Foi esta integração, por exemplo, que culminou num atendimento singular no mês de setembro, quando uma partida entre Avaí e Figueirense pela Série B do Campeonato Brasileiro foi interrompida para prestar socorro a um jovem de 25 anos que caiu de uma altura de cinco metros – de uma arquibancada. O paciente, na ocasião, chegou a ser entubado no gramado por um médico do SAMU e, mais tarde, transportado até o Hospital Governador Celso Ramos, onde foi atendido e sobreviveu sem complicações.
“É um serviço que une as melhores referências dos Bombeiros e do SAMU: a consciência logística e o pensamento médico, de regulação. Há especificações que são atendidas por nossos profissionais, os quais treinam para isso. Hoje, na área médica do serviço, nós trabalhamos com cerca de 25 médicos e 20 enfermeiros, de segunda a segunda, atendendo as quatro aeronaves”, acrescenta o Coordenador Médico do Grupo de Resposta Aérea de Urgência (GRAU) de Santa Catarina, Bruno Quércia Barros, que conclui: “Por ter âmbito de abrangência estadual, as aeronaves podem ser requisitadas por qualquer central de regulação de Santa Catarina. Há duas situações e há dois tipos de aeronaves – os helicópteros, que são utilizados para o atendimento primário, de risco iminente de morte, e os aviões, os quais atendem mais casos de transportes de pacientes clinicamente estáveis. E essa regulação se tornou vital para a eficácia do socorro e de sua agilidade”.
Atual comandante do Batalhão de Operações Aéreas (BOA) de Santa Catarina, o Major BM Sandro Fonseca destaca que as aeronaves são acionadas para atendimentos considerados de difícil/impossível acesso via terrestre e que elas são equipadas para darem uma assistência equivalente a que uma vítima receberia em uma UTI móvel. “Nossa aeronave, hoje, voa a uma velocidade de 200 a 250 Km/h. Isto nos dá a possibilidade de atender um raio de 100 km em cerca de 25/30 minutos. O tempo resposta, por consequência, é percebido rotineiramente pelos catarinenses. Tornou-se sinônimo de confiabilidade e esperança”, avalia.