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HISTÓRIAS DE BOMBEIROS: SARGENTO PM RR MACÁRIO E O CBMSC DE 1954

Um misto de emoções marcou a gravação dos depoimentos do sargento PM RR Macário, de 91 anos, que contou uma versão da corporação, bem diferente do que hoje as pessoas conhecem do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC).

Quando questionado se ele seria bombeiro novamente, ele respondeu que: “se fosse uma coisa pra voltar? Ah! Eu voltava!”, afirmou sorrindo.

O sargento Macário nasceu em 1930, e ingressou na corporação em 1954 e fez parte das primeiras equipes de serviço nas cidades de Blumenau e Itajaí, mas grande parte da carreira atuou em Florianópolis.
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Ao olhar o capacete utilizado na época, ele sorriu, colocou na cabeça e disse “esse aqui tá meio apertado”, mas contou que quem estava de serviço utilizava. Poucos segundos depois suspirou e com lágrimas nos olhos e voz embargada disse “foi com isso aqui que eu sustentei a minha família, graças a Deus”, declarou.

Transferências
“Tudo que era quartel que abria eu fui primeiro a ir pra lá”, exaltou. Ao abrirem o quartel de Blumenau, o chamaram pra ir, o comandante da época determinou a ida por 30 dias e caso o militar não quisesse ficar na cidade, iria outro. “Tudo que é coisa que aparecia era eu. ‘Toca pra lá. Tem que ir pra Blumenau. Ninguém quer ir, mas tem que ir um, Macário, tu vai?’, o comandante disse. E eu respondi: ‘Poisé, vou fazer o quê?’ e o comandante continuou ‘fica 30 dias, se gostar fica e se não gostar, vem-se embora’. Eu fui, tirei 30 dias lá, depois fui embora”, relembra. “Aí eu também estive em Itajaí e saí”, complementa.

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Ocorrências
“O que eu me lembro mais foi de uma madeireira no Estreito, em Florianópolis, que pegou fogo. Aí o capitão disse: ‘Macário, vamos lá ver’, aí pegamos o Jipe e fomos. Quando chegamos lá as madeiras estavam todas gradeadas. Aí eu disse: ‘tem que derrubar tudo porque a água passa por cima, o fogo tá queimando e não apaga’, com isso vieram dois caminhões”, contou, relembrando um grande incêndio que levou dois dias para conclusão dos trabalhos.

Outra lembrança trazida pelo sargento foi em relação aos incêndios na ponte Hercílio Luz, na Capital, que eram frequentes. “Na ponte era quase todo dia fogo. Porque passavam carroceiros. Naquele tempo tinha o mercado ali embaixo e os cavalos passavam e iam corroendo a madeira. Aí quando passavam jogavam xepa de cigarro e pegava fogo”, explica.

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Serviço no quartel

A escala de serviço da época eram 24 horas trabalhadas, por 24 horas de folga. Mas durante a espera por ocorrências dentro do quartel, em Florianópolis havia uma particularidade. “A gente esperava sentado, né? Um fazia uma tarrafa, outros ficavam conversando, passava o dia assim”, lembra. “Dentro do quartel, teve uma época lá que a gente tinha que dormir de bota. Mas é ruim o cara deitar de sapato né? A turma reclamou e o comando mudou”, explica.
Outro detalhe do serviço era a divisão dos militares. “A gente ficava lá e sempre tinha um no telefone. Ele saía da guarnição e caía pro telefone”, conta.

Equipes de plantão
“Aqui em Florianópolis nós tinhamos três caminhões. Um era só caminhão tanque, os outros que a gente ia em cima. Ia todo mundo agarrado no corrimão. Só ia na cabine o motorista ou o chefe socorro ali. E no mais ia tudo agarrado e os outros em cima. Tinha o que um suporte assim grande, a gente sentava e segurava ali e ia embora. Mas nunca sofremos acidente não, caminhão nunca virou, nunca bateu, nada”, disse.

Confira o vídeo na íntegra

 


O projeto “Histórias de Bombeiros” é uma produção do Centro de Comunicação Social do CBMSC
Coordenação e produção: 
Capitão Juciane da Cruz May
Entrevista, roteiro e edição de texto: Melina Cauduro – Jornalista do CBMSC
Captação de imagem e edição de vídeo: Soldado Eduardo Silva De Souza

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