O sargento Nery Rosalino das Neves ingressou na Polícia Militar em 1957 e foi para a reserva em fevereiro de 1980. Trabalhava como borracheiro no Estreito, em Florianópolis, e tinha contato com um soldado da Polícia Militar que buscava insumos para confeccionar o solado das botas do efetivo. Dessa amizade, surgiu o incentivo para ingressar na corporação, que na época estava com inscrições abertas para sargento motorista do Corpo de Bombeiros. Inicialmente, entrou como soldado, sendo posteriormente promovido a cabo.
Ele participou da seleção para sargento e foi aprovado, sendo promovido pouco antes do encerramento da validade do concurso. “Quando nós passávamos no serviço, dando a volta na cidade, o bombeiro era aplaudido. A comunidade gostava do bombeiro”, relembra sobre o prestígio da corporação perante a sociedade, algo que ainda permanece nos dias atuais.
Sobre o trânsito e o deslocamento com o caminhão Ward LaFrance, recebido pela corporação em 1957, ele recorda que o tempo para chegar do quartel até uma ocorrência em Santo Amaro da Imperatriz foi de apenas 23 minutos. “Naquele tempo, o trânsito era livre”, comenta.
Ocorrência marcante
Entre seus relatos, ele relembra um incêndio na rua Conselheiro Mafra, no centro de Florianópolis. As chamas tomaram conta de um prédio e, para se salvarem, as vítimas se dirigiram à marquise em busca de abrigo. “Quando nós chegamos, havia pessoas na marquise tentando escapar do incêndio. Como o vento estava vindo do sul, ele direcionava as chamas para o fundo do prédio. Instalamos um paraquedas e conseguimos salvar as pessoas ali, embaixo da marquise”, relembra.
Ao falar sobre ocorrências marcantes, ele conta que colegas chegaram a ser hospitalizados devido à inalação de gases tóxicos durante um incêndio, já que, na época, os equipamentos de proteção respiratória eram escassos. O uniforme dos bombeiros consistia no fardamento padrão, um capacete quebra-telha e um cinto ginástico.
Ele também recorda sua última viagem, quando foi a Santa Cruz do Sul/RS buscar cinco viaturas do tipo Auto Bomba Tanque, acompanhado de outros colegas da corporação e do então comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Sidney Carlos Pacheco.
Hoje, ele enxerga a corporação bem equipada e com grande capilaridade, além de um atendimento de excelência à sociedade. Quando questionado se voltaria a ser bombeiro, responde sem hesitar: "Seria com muito prazer."
O projeto “Histórias de Bombeiros” é uma produção do Centro de Comunicação Social do CBMSC
Coordenação e produção: Capitão Juciane da Cruz May
Entrevista e roteiro: Melina Cauduro – Jornalista do CBMSC
Edição de texto: Soldado Murilo Damian Medeiros
Captação de imagem e edição de vídeo: Soldado Eduardo Silva De Souza